Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







domingo, 16 de outubro de 2011

Nada!!!

          Estava pensando no que escrever neste mês, mas nenhum assunto parecia “saltar”, ficar evidente. Pensei em algumas possibilidades, mas nenhuma agradou o bastante. Então, pensei em escrever sobre isso mesmo, ou seja, sobre o nada.
         O nada é uma realidade muito importante. No entanto, de diversas maneiras fugimos de experimentá-lo. Parece que sempre temos que estar fazendo alguma coisa, produzindo, ou pensando em algo. Uns sentem que precisam estar sempre falando, e tem dificuldade com o nada das palavras, com o silêncio. Outros sentem necessidade de ter algo na boca, e, quando não estão comendo, estão mascando chicletes, bala, fumando etc. Outros precisam se manter em movimento e, para estes, parar é muito difícil.
         Certamente há um grande contexto social por trás dessa realidade. Vivemos numa sociedade muito barulhenta, com muita correria, e poderia ser feita uma análise sócio-histórica deste tema. Também poderíamos refletir na dimensão filosófica do nada. E ainda sem mencionar o lado espiritual, por cuja ótica poderíamos pensar o nada. Porém, aqui nos cabe o aspecto psicológico existencial, que nos aponta: que sentido tem para mim o nada (nas diversas situações citadas acima)? Como me sinto vivendo o nada (sem fazer nada, sem ter nada na boca, sem nada pensar...)? Talvez, apareça um sentimento de angústia, que é uma alerta pessoal de que há uma necessidade que precisa ser atendida, e então, pode se prestar atenção nesta angústia, e ficar um pouco com ela. A que ela está relacionada, com quem? O que preciso para lidar com ela (que não seja comer, comer, fazer, fazer...)?
         O paradoxo é que o viver um pouco o nada, é também produtivo. O nada esconde inúmeras possibilidades. A vivência do nada possibilita maior clareza das próprias necessidades e do que fazer para atingi-las. O nada permite a reflexão sobre com o que e com quem realmente eu quero e preciso me preencher (meu tempo, minha vida, meu estômago, meu fazer...). Experimentar o nada ainda dá a si a oportunidade de contato consigo, de simplesmente estar consigo e, quem sabe, reconhecer que se pode ser uma boa companhia para si mesmo.
         Texto publicado no jornal Cidade Leste, na edição do mês de outubro.

4 comentários:

  1. Adorei o texto, Sil! Bj grande pra ti.

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  2. Que bom que gostaste, Dani. Muito obrigada. Abração!

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  3. Ótima reflexão, Sil! Gosto muito do tema. Bjo querida! Nando

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  4. Obrigada, Nando, querido! Vamos seguir refletindo... Forte abraço!

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