Cada vez com mais intensidade, vivemos numa sociedade em que a toda hora há mensagens no sentido de comprar algo. Vemos inúmeros outdoors e propagandas na televisão, por exemplo, que propõem a compra de um produto. Carregamos conosco a ideia de que precisamos comprar e comprar: roupas e sapatos novos, melhores celulares, computadores, produtos de beleza, novos brinquedos etc. Podemos comprar até quase um corpo novo – com plásticas diversas, tomando vitaminas especiais etc. Fica a ideia de que precisamos de mais, e o que se tem vira facilmente descartável e desprezado.
Só que a ideia de compra, tantas vezes associada à felicidade, acaba por se estender a pessoas, a valores, a necessidades psicológicas, sociais e até espirituais, que não são supridas através da compra de algo. Amor, atenção, educação, presença, reconhecimento de si, respeito, auto-estima, não podem ser comprados. São supridas através de contato, da presença, da relação com alguém, de um eu com um tu, na qual ambos se dispõem a estar um com o outro, o que não se compra em lugar nenhum.
Assim, por exemplo, há pais que pagam para o filho ficar o dia na escola, depois ter alguma atividade extra, e ainda uma babá para ficar com ele noutro período. Que educação será essa? Educação requer presença, e esforço para presença, que diz que o outro é importante, tanto que se pode abrir mão de um tempo de trabalho (ainda que isso implique em um pouco menos de dinheiro por mês), de algum descanso, de algo que goste para simplesmente estar com o filho. A situação pode ser outra: o filho não fica o dia na escola, mas se paga um computador e uma TV para que ele se ocupe todo o tempo e, com isso, os pais possam fazer outras coisas e, então, ter menos envolvimento.
Este tempo cheio, porém, não irá supri-lo, e, mais cedo ou mais tarde, o vazio irá aparecer e necessariamente os pais terão que se envolver mais (numa situação que provavelmente será muito mais trabalhosa – como depressão, abuso de drogas, gravidez precoce, dificuldade de aprendizagem, problema de conduta agressiva...). Por outro lado, ainda que não se perceba, também os pais, ao não dar atenção para seu filho e enchê-lo de coisas, estão passando por cima de si próprios. É uma necessidade existencial abrir espaço na vida para o outro, seja ele filho ou outra pessoa. Talvez não se consiga fazer isso e até pode se precisar de terapia, para poder trabalhar a possibilidade de conseguir dar espaço para estar presente com o outro, e estabelecer com ele diálogos.
Todos precisam da presença do outro, do seu interesse desinteressado, o que é fundamental para a construção da pessoa e de relacionamentos saudáveis e seguros, além de para uma sociedade sadia. Essa construção é realizada dia a dia, em coisas simples, podendo acontecer a cada agora de nossas vidas.
Só que a ideia de compra, tantas vezes associada à felicidade, acaba por se estender a pessoas, a valores, a necessidades psicológicas, sociais e até espirituais, que não são supridas através da compra de algo. Amor, atenção, educação, presença, reconhecimento de si, respeito, auto-estima, não podem ser comprados. São supridas através de contato, da presença, da relação com alguém, de um eu com um tu, na qual ambos se dispõem a estar um com o outro, o que não se compra em lugar nenhum.
Assim, por exemplo, há pais que pagam para o filho ficar o dia na escola, depois ter alguma atividade extra, e ainda uma babá para ficar com ele noutro período. Que educação será essa? Educação requer presença, e esforço para presença, que diz que o outro é importante, tanto que se pode abrir mão de um tempo de trabalho (ainda que isso implique em um pouco menos de dinheiro por mês), de algum descanso, de algo que goste para simplesmente estar com o filho. A situação pode ser outra: o filho não fica o dia na escola, mas se paga um computador e uma TV para que ele se ocupe todo o tempo e, com isso, os pais possam fazer outras coisas e, então, ter menos envolvimento.
Este tempo cheio, porém, não irá supri-lo, e, mais cedo ou mais tarde, o vazio irá aparecer e necessariamente os pais terão que se envolver mais (numa situação que provavelmente será muito mais trabalhosa – como depressão, abuso de drogas, gravidez precoce, dificuldade de aprendizagem, problema de conduta agressiva...). Por outro lado, ainda que não se perceba, também os pais, ao não dar atenção para seu filho e enchê-lo de coisas, estão passando por cima de si próprios. É uma necessidade existencial abrir espaço na vida para o outro, seja ele filho ou outra pessoa. Talvez não se consiga fazer isso e até pode se precisar de terapia, para poder trabalhar a possibilidade de conseguir dar espaço para estar presente com o outro, e estabelecer com ele diálogos.
Todos precisam da presença do outro, do seu interesse desinteressado, o que é fundamental para a construção da pessoa e de relacionamentos saudáveis e seguros, além de para uma sociedade sadia. Essa construção é realizada dia a dia, em coisas simples, podendo acontecer a cada agora de nossas vidas.
* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de setembro de 2012.
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