Em nossos relacionamentos temos sempre diante de nós o desafio e a riqueza da diferença. Como nos atrapalhamos por esquecer que o outro é outro, não é igual a mim, não pensa como eu, não sente como eu, não age como eu, não vê o mundo como eu!
Uns gostam de estar bem arrumados, outros nem ligam para as vestes. Uns se esmeram em ser pontuais, outros se atrapalham e raramente conseguem chegar no horário em algum compromisso. Uns são organizados e se irritam com a bagunça, outros não se importam como ficam suas coisas. Uns têm uma visão geral das coisas, outros prestam mais atenção aos detalhes. Uns precisam ser muitas vezes lembrados que são amados, e carecem de demonstrações de carinho, já para outros um abraço eventual é o suficiente. Enfim, sempre nos deparamos com o outro, que me mostra outros lados, outros jeitos, outras possibilidades.
Parece que no dia-a-dia facilmente esquecemos desta realidade – se é que já nos demos conta que dela. Facilmente pensamos e dizemos: “Mas como tu não pensou nisso? É tão óbvio?”, e desconsideramos o raciocínio do outro e a sua visão da mesma coisa. Diferenças que, se não aceitas, geram discussões, rancores, brigas, desentendimentos, nas quais um precisa estar com a razão e outro necessita admitir o erro. Na verdade, o crescimento está em observar o que cada lado tem de bom e de proveitoso, lembrando que mesmo as coisas ruins ou supostos defeitos (que não é a melhor palavra, pois defeito quem tem é máquina!) nos trazem boas lições e experiências.
Também a diferença nos remete à maravilhosa realidade de que cada um é único. Não há ninguém como eu e ninguém como tu. Eu contribuo com a realidade da minha forma única, tu do teu jeito único. Assim, a diferença pode levar à acolhida, ao respeito, à troca, ao crescimento e enriquecimento. Ajustes, remanejos, mudanças são necessários, mas dificilmente bem sucedidos sem o reconhecimento e a aceitação da simples diferença.
Texto publicado no jornal Cidade Leste, em maio de 2011. http://www.jornalcidadeleste.com.br/
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