Quem já não ouviu a expressão “tô nem aí”? De diversas formas, em muitos ambientes essa fala está presente, dita de forma verbal, não verbal, ou através somente de comportamentos. Vivemos uma realidade cultural demasiado marcada pelo egoísmo, individualismo, falta de limites, pelo não enxergar o outro como outro. Percebemos isso em qualquer condição econômica, idade e espaço (escolar, profissional, trânsito...).
Quando eu só enxergo a mim mesmo diante de mim (só vejo minhas necessidades, meus desejos, minhas coisas) é muito fácil exclamar um “tô nem aí” ao me deparar com o colega que está doente, a esposa que está irritada simplesmente porque está “nos seus dias”, o marido que está chateado porque se desentendeu no trabalho, o vizinho que precisa da minha ajuda, o lixo que está na rua, a louça que se acumula na pia, o problema de esgoto no quarteirão, com o filho que quer brincar e precisa que eu abra mão do meu descanso, o garçom que me deu troco a mais sem querer, com o irmão que tem dificuldades em aprender matemática, o professor que não agrada...
Entretanto, esse “tô nem aí” é uma expressão em si mesmo ilusória. De uma forma ou de outra, querendo ou não, cada um colabora na construção dos seus relacionamentos, da sociedade. As situações ao meu redor me dizem respeito, sim, simplesmente porque eu faço parte dessa realidade. Eu posso ajudar a construí-la (ou até re-construí-la) de forma positiva ou negativa, mas é impossível não fazê-lo. E há sempre possibilidade de escolha do como realizar esta construção.
Ao contrário do que parece, o estar nem aí não só prejudica os outros, mas a si mesmo. Uma perspectiva de vida em que eu me incluo como responsável por mim, pelos relacionamentos e pela sociedade, abre portas para menos estresse, menos reclamações, mais resoluções, mais contato, mais proximidade com os outros, enfim, mais saúde. Abre portas para maior entendimento de quem eu sou e quem posso ser. Uma vida melhor, uma família melhor, um ambiente de trabalho melhor, uma sociedade melhor, começa por mim, por minhas escolhas. Como estão as suas?
Texto publicado no jornal Cidade Leste, na edição de julho de 2011. http://www.jornalcidadeleste.com.br/
Texto publicado no jornal Cidade Leste, na edição de julho de 2011. http://www.jornalcidadeleste.com.br/
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