Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







sábado, 14 de abril de 2012

Algumas coisas podemos, outras não!

       Deparamo-nos a todo momento com limites. Temos limites para fazer o que e como queremos, assim como para nos expressarmos.
       Interessante o paradoxo social que temos hoje! De um lado, se fala muito que as crianças precisam de limite. De outro, vemos mensagens contra limites na mídia, ora subliminares, ora explícitas. Há pouco tempo, por exemplo, o canal Cartoon Network tinha a frase: “Cartoon Network, a gente faz o que quer!”, associada a imagens e desenhos.  Enquanto que não, a gente não faz o que quer!
       Lidar com os limites é um aprendizado, que começa na infância e segue toda a vida. Já por natureza, o ser humano é limitado. Não se basta a si mesmo. Eu só sou eu a partir do outro, com os outros.
       Nosso corpo tem limites. Ocupamos um lugar no espaço. As mãos conseguem agarrar algumas coisas, e não todas. Temos limites físicos, químicos. Aí vem a dor, a doença. Suportamos um x número de horas acordados, mas uma hora os olhos vão fechar, mesmo que não se queira. Precisamos de limites para comer – nos horários, lugares e na quantidade adequada.
       Nossa razão e nosso emocional têm limites. Diante de muitas situações de estresse, facilmente acabamos estressados, irritados. O humor tem limites – não estamos sempre com o mesmo humor.
       É preciso aceitar, acolher esta condição de limitação. Algumas coisas podemos fazer, outras não. Um dos lados positivos disso é que, assim, precisamos uns dos outros. Posso mais com os outros do que sozinha.          
       Na delimitação de limites nas relações, o outro é também parâmetro. Eu não posso falar e agir como quero, dizer sempre o que penso. Por exemplo, não é porque eu estou irritada, que vou gritar com o outro, bater ou ofender. O limite é este freio na manifestação do sentir e do pensar, buscando as melhores formas de expressão, construtivas a mim e ao outro.
       Na educação dos filhos, o limite é essencial. Questões como: Quem decide o horário e onde a criança irá dormir? Quem decide o horário e quanto a criança vai comer? Quem decide o que vai ver na TV? O quanto vai ver? Quem decide o que pode ou não fazer? É o adulto, e não a criança. Podem haver negociações às vezes, mas a autoridade é do adulto.
       Claro que a criança, ou até mesmo o adulto, não sente como bom o limite, embora saiba que precisa e até o veja, no fundo, como amor. A criança, quando o adulto lhe dá limite, acha chato, xinga, pode espernear, dizer que não ama etc., mas são todas reações do seu sentimento, que precisam ser toleradas e compreendidas pelo adulto, sem fazê-lo voltar à traz, cedendo no limite colocado. É ser firme, sem deixar de ser acolhedor.
       Eu também esbarro num limite para escrever este texto! Tenho que terminar, mas que difícil! E você, como tem lidado com os seus limites e com os que lhe são colocados nos diferentes relacionamentos?

* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de abril de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário