Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







terça-feira, 19 de junho de 2012

Quando a vergonha toma conta


Na postagem anterior trabalhamos a vergonha saudável. Há também a que não é saudável, que é experimentada como uma sensação difusa de que se é defeituoso como ser humano. Ela não mais sinaliza nossos limites, mas cofere uma sensação de inutilidade, de fracasso como pessoa, de inferioridade.

Sente-se vergonha de ser quem é. É como se a pessoa vivesse pedindo desculpas por ser quem é.  A pessoa não consegue dizer para si mesma “aconteceu isso, mas tudo bem, foi como pude fazer, não diminui meu valor próprio....”. Ao contrário, fica se atormentando pelo que fez, e não consegue se amparar. Sente-se esmagada pela vergonha.

Esta vergonha é acompanhada pelo sentimento de solidão, pela sensação de ausência e de vazio.  É manifestada de formas diferentes pelas pessoas. Algumas delas são:

- Voltar-se contra o outro. A vergonha não aceita (por si e pelo outro) pode gerar ansiedade, raiva e revolta. Essa raiva pode ser manifestada em deboche, sarcasmo, críticas, agressão moral e física. É um “que tá olhando?”, “vai encarar?”. E daí pode vir mais confusão... Com o tempo, pode nem mais se ter acesso à vergonha, e se habituar a reações agressivas e hostis, sendo estas muito frequentes...

- Ser “bonzinho”:  a  pessoa se esconde através da defesa de ser alguém agradável e de apreço. Assim, o objetivo é sua própria imagem e não o outro. Não é o fazer o bem pelo bem simplesmente. Dessa forma, a pessoa evita o contato, e se assegura de que ninguém a verá como é, com uma base de vergonha, imperfeita e defeituosa.

- Timidez crônica, em que a inibição se manifesta em todas as formas de convívio social, sendo um padrão de funcionamento. Este tema já foi trabalho em outro texto que está publicado no blog.

- Silêncio: diante da possibilidade de sentir vergonha por falar algo errado, confuso, que não será adequado ou aceito, a pessoa prefere silenciar, sendo comumente mais quieta do que falante.

- Dificuldade para tomar decisões: para não correr o risco de se sentir envergonhada, a pessoa demora mais para decidir, inclusive coisas simples, como a escolha de uma roupa.  

- Exibicionismo e extroversão demasiada: gargalhar exageradamente da situação, levar demasiadamente na brincadeira um momento de vergonha. Para não entrar em contato com a vergonha constante de si, a pessoa está sempre agitada, sorrindo, parecendo alegre, até eufórica.

- Autoelogio constante – “se gabar”: no fundo, a pessoa sente vergonha de si, mas acaba sempre se elogiando para se defender de si e dos outros.

            Para lidar com a vergonha não saudável, e com as suas manifestações, é importante a ajuda profissional, além do apoio de pessoas de confiança. A psicoterapia é um importante meio em que se pode encontrar um ambiente seguro para lidar com as próprias vergonhas e recuperar a força e apoio em si mesmo.
            * Texto parcialmente publicado no Jornal Cidade Leste, no mês de junho.

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