
Precisamos aceitar e acolher nossas loucuras como
uma parte de nós que tem sua importância e seu valor. Enquanto parte de si, é
importante, por mais sofrido ou difícil que seja. O paradoxo está em que
somente quando aceitamos e amamos nossas loucuras, quando aceitamos quem somos
agora é que podemos começar a mudar. Não se trata de conformismo. É uma atitude
diante de si, consigo, sem julgamento. É não esperar mudar para se acolher, mas
se acolher para, então, poder mudar. Se não há acolhida, os problemas são
maiores: além da própria dificuldade vivida, há a briga consigo por não aceitar
a existência da dificuldade. Já o acolher a si abre espaço para menos
ansiedade, para novos sentimentos e significados, para enxergar novas
possibilidades, para o novo.
Assim, por exemplo, a pessoa que está obesa e quer
emagrecer, dificilmente conseguirá mudar brigando consigo mesma, mas quando
acolher sua obesidade sinceramente, tem muito mais possibilidade de mudar
aceitando seu momento atual. Similarmente, a pessoa tímida terá maior
aproximação da extroversão quando puder aceitar sua timidez e suas dificuldades
de expressão.
Atitudes para a mudança são necessárias, sim.
Terapia, exercícios de autoconhecimento, dieta (no caso do emagrecer),
atividades físicas e/ou outras atitudes são importantes; porém, não conseguimos
mudanças efetivas sem a aceitação e a acolhida de si. Além do mais, esta aceitação reverbera numa
acolhida maior para com as dificuldades e “loucuras” do outro, possibilitando
relacionamentos mais abertos, serenos e sinceros.
* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de outubro de 2012.
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