Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Acolher as próprias "loucuras"

 
Todos conhecemos o ditado popular “De louco todo mundo tem um pouco!”. De fato, trazemos conosco feridas emocionais não resolvidas, dificuldades pessoais mal trabalhadas, resistências, aspectos de nós mesmos e dos nossos relacionamentos que não queremos ou não conseguimos ver, pensamentos distorcidos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo, características de personalidade que não gostamos, que nos atrapalham etc. Concebidas neste sentido, nossas “loucuras” são, ao contrário do que pode às vezes se pensar, muito mais um ponto comum entre nós do que de diferença. Todos vivemos nossas “loucuras” e isso faz com que ninguém possa se colocar num lugar de totalmente “normal” ou de superior perante os outros, como se não tivesse nada para resolver. Se eu não passo por um problema que o outro vive, enfrento diferentes, que este outro pode não experimentar.

Precisamos aceitar e acolher nossas loucuras como uma parte de nós que tem sua importância e seu valor. Enquanto parte de si, é importante, por mais sofrido ou difícil que seja. O paradoxo está em que somente quando aceitamos e amamos nossas loucuras, quando aceitamos quem somos agora é que podemos começar a mudar. Não se trata de conformismo. É uma atitude diante de si, consigo, sem julgamento. É não esperar mudar para se acolher, mas se acolher para, então, poder mudar. Se não há acolhida, os problemas são maiores: além da própria dificuldade vivida, há a briga consigo por não aceitar a existência da dificuldade. Já o acolher a si abre espaço para menos ansiedade, para novos sentimentos e significados, para enxergar novas possibilidades, para o novo.

Assim, por exemplo, a pessoa que está obesa e quer emagrecer, dificilmente conseguirá mudar brigando consigo mesma, mas quando acolher sua obesidade sinceramente, tem muito mais possibilidade de mudar aceitando seu momento atual. Similarmente, a pessoa tímida terá maior aproximação da extroversão quando puder aceitar sua timidez e suas dificuldades de expressão.

Atitudes para a mudança são necessárias, sim. Terapia, exercícios de autoconhecimento, dieta (no caso do emagrecer), atividades físicas e/ou outras atitudes são importantes; porém, não conseguimos mudanças efetivas sem a aceitação e a acolhida de si.  Além do mais, esta aceitação reverbera numa acolhida maior para com as dificuldades e “loucuras” do outro, possibilitando relacionamentos mais abertos, serenos e sinceros.

 
            * Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de outubro de 2012.

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