Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

“O essencial é invisível aos olhos”

        Neste mês especial, quero começar este texto com uma citação de Richard Hycner, psicólogo gestalt-terapeuta americano, que afirma: “A vida destituída do espiritual é uma vida amortecida. Nós nos tornamos tão enamorados de nossas atividades racionais e científicas que nos esquecemos do ‘milagre’ mais primordial de todos: nós existimos. O fato de que nós somos, ofusca, de longe, qualquer coisa que, como humanos, possamos fazer”[1].
Penso que no tempo de Natal que estamos vivendo, cabe ressaltar nosso lado espiritual, tão facilmente esquecido em nossa sociedade. Por certo, não é uma realidade visível, com a qual se pode contatar fazendo muitas coisas, comprando muito, no tumulto de uma rotina em que parece que se está sempre correndo e soterrado de coisas. Ao contrário, como bem está colocado no clássico O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”[2]. O espiritual está para além do ter, do fazer, e diz respeito a nossa realidade mais profunda. Por ele, podemos orientar nossa vida por valores, e dar significados e sentido a nossa existência, e às realidades cotidianas. Com o espiritual, formamos um todo corpóreo, afetivo, social, cognitivo, todo que é integrado e interligado.
Como pessoas também espirituais, vivemos e buscamos viver a fé, o amor, a generosidade, a gratidão, a contemplação, o compartilhar a si mesmo com os outros, o respeito, enfim, valores que dão cor e brilho para nossas vidas. Parece evidente como nossa sociedade carece deste brilho, que passa pelas escolas, família, trânsito, jogos de futebol etc. Só que esse brilho exige esforço, empenho, busca sincera por ser, por ser mais humano, por ser uma pessoal melhor. E esse esforço acaba ficando esquecido numa sociedade em que se procura cada vez mais facilidade.
A cena principal do Natal, o presépio com o menino Jesus deitado em palhas, com Maria, José e alguns animais, nos chama atenção para as coisas mais importantes. Ali acontecia um mistério de fé e havia e se realizava o amor. O amor que é presença, é ser para o outro, é estar com o outro. Não há muitas coisas. É a contemplação do simples e, ao mesmo tempo, do grande, do extraordinário. É um menino que nasce, esperado e adorado como Deus pelos cristãos.
 
       Independente da crença de cada um, que este final de ano seja permeado pela vivência da valorização do espiritual, pela renovação da alegria de existir, de ser, de ser com os outros. Que esta realidade de existir, pelo seu sentido maior, supere mágoas, desentendimentos, desistências do si e do outro, revigore desejos e possibilidades de encontros autênticos e verdadeiros, em que o amor e o respeito realmente aconteçam.
 
* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edicação de dezembro de 2012.








[1] Citado por Pinto, Ênio Brito. Os padres em psicoterapia: esclarecendo singularidades. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2012, p. 19.
[2] SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe: com aquarelas do autor; tradução de Dom Marcos Barbosa. 48 ed. Rio de Janeiro: Agir, 2009, p. 70.


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