Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O que você vê?


Das muitas possibilidades de reflexão que podemos fazer ao olhar esta imagem, quero levantar a da questão das diferentes percepções e sua relação com a comunicação.
Olhe bem para a figura. O que você vê? Olhe novamente. O que vê agora? Talvez, como eu, inicialmente você veja um rosto. Mas pode ser que tenhas visto um menino, sentando em uma pedra, pintando uma tela, inspirando-se em uma casa. Com mais atenção aos detalhes, pode-se ver duas árvores, alguns pássaros, nuvens, grama, montanhas, algumas poucas flores.
Não necessariamente o que eu vejo é o mesmo que você vê. Podemos transpor esta observação para os relacionamentos e as comunicações interpessoais. É muito comum desentendimentos e outros problemas acontecerem por estabelecer um diálogo pressupondo o que o outro está pensando ou experimentando. Ou ainda formar pensamentos sobre o outro e sobre si com base no que se imagina que ele está pensando. Só que muitas vezes o que eu acho que o outro vê e/ou pensa, ele não vê e/ou não pensa.
Assim, é importante, para a saúde dos relacionamentos, a consciência de que o que eu percebo do outro não necessariamente corresponde a o que o outro está sentindo e experimentando na relação comigo. Em consequência, partilhar com o outro meus sentimentos e minha percepção e procurar ouvir sua experiência com relação a isso ajuda para uma comunicação clara e efetiva, sem distorções. Para tanto, cabe discernir o momento propício (em que o outro possa realmente ouvir o que tenho a dizer), e o uso das palavras adequadas.
Por exemplo, o ideal não é que eu diga: “tu não me acolhe bem”, ou “tu não se importa comigo”, pois eu estou colocando o meu sentimento no outro e julgando como o outro está sentindo ou pensando, mas eu não o conheço plenamente. O outro sempre será um mistério para mim. Ademais, esta forma pode já colocar o outro na defensiva e não considerar o que eu disse, mais porque se sentiu acusado do que porque não concorda comigo. Então, o ideal é que eu fale: “eu não me sinto acolhida por ti”, ou “eu sinto que tu não te importas comigo”. É bastante diferente. Aí eu estou realmente partilhando minha experiência e dando ao outro a chance de expor a sua. Melhor ainda é acrescentar a situação. Por exemplo, eu sinto que tu não te importas comigo quando eu falo contigo e tu fazes outra coisa ao mesmo tempo. Quanto mais clara for a comunicação, melhor. Pode-se também adicionar uma pergunta, que deixe mais claro que espero uma confirmação. Algo como: é isso que está acontecendo? Como é essa situação para ti?
Para citar outro exemplo, a afirmação “tu não estás considerando minha opinião e estás invadindo meu espaço”, poderia ser substituída por: “eu sinto que tu não considera minha opinião quando ages desta forma e que não posso dizer o que eu penso, valendo só o que tu pensas; quero te ouvir; como acontece contigo?”. Pode ser que o outro tenha realmente dificuldade de considerar a opinião alheia, e isso não necessariamente seja um problema comigo, mas pessoal dele. Assim, a comunicação clara e sincera favorece o nosso bem-estar e o bem-estar dos nossos relacionamentos com os outros.
Obs.: Imagem retirada do site http://arts.in.ua/artists/MrOlik/w/214752/.

* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de janeiro de 2013.
 


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