Apresentação

Este blog tem como objetivo divulgar e compartilhar meu trabalho na Psicologia, publicar produções e reflexões sobre minha prática, sobre a pessoa e seus relacionamentos. O nome Ser e Crescer engloba muito de como penso e vejo o ser humano e me dirijo às pessoas com quem trabalho. Remete à beleza do ser como e quem se é, ao respeito, à acolhida e à aceitação incondicional do ser, e ao impulso intrínsico para o crescer. Estou profundamente comprometida com cada pessoa que está diante de mim e com seu crescimento, sabendo que este crescer é realmente possível.







segunda-feira, 20 de maio de 2013

Compromisso e intimidade


     Poucos dias atrás eu li no livro “A vida, o tempo, a psicoterapia”, de Jean Clark Juliano (da Editora Summus, de São Paulo, ano 2010, p. 32), uma frase de que gostei bastante: “se existem duas palavras temidas e banidas hoje em nossa sociedade são estas: ‘compromisso’ e ‘intimidade’”. Uma realidade, que é vivida em contextos e situações diversas, parece estar cada vez mais presente.
       Nas casas, a televisão mostra ser mais um membro da família. No início deste mês de maio, comentei isso num grupo e, uma das pessoas que ouviu disse: “Não! É mais do que membro da família!”. As pessoas já vivem correndo e, quando estão juntas, ainda estão por intermédio da televisão, que algumas (ou muitas) vezes parece dar o assunto do dia. Também o computador, a internet e os celulares vêm cada vez mais ocupando este lugar de gente. E o que acontece com o compartilhar de experiências vividas, com a troca de afeto, que dão solidez para as famílias, para os relacionamentos, enfim, para a pessoa, e que objeto nenhum pode dar?
       As ideias de imediatismo e do descartável parecem tomar o lugar do compromisso e da intimidade. Tudo tem que ser para agora, ou para ontem, sendo a espera muito difícil de ser tolerada. As tecnologias e máquinas evoluem cada vez mais, tornando-se o estragado descartável. Nessa rotina, os relacionamentos e as pessoas têm ficado descartáveis, alimentando um vazio existencial, que permanece sendo tapado e escondido pelo barulho e tumulto cotidianos...  
       Nesse contexto, pais e educadores têm um papel fundamental. É preciso, sim, manter limites e fazer calar a televisão, ter tempo delimitado para uso de internet, celular, games... Não é a solução, mas são medidas importantes. Faz-se necessário o cultivo de diálogos, de troca de experiências, em que todos possam ser ouvidos, todos tenham a oportunidade de falar, de acolher e ser acolhidos. Momentos em que haja espaço para que os conflitos apareçam, para que possam ser encarados, lidados e resolvidos, e não sejam escondidos e/ou negados.
      Uma rotina de diálogo, de compartilhar experiências no contínuo exercício de esperar e respeitar o momento do outro reflete compromisso, não somente com o outro, mas consigo mesmo. A intimidade e contato com o outro alimentam a intimidade e contato consigo e vice-versa. Quem sabe ainda possamos mudar o rumo de uma sociedade que parece ficar cada vez mais doente, com as pessoas mais frias, distantes, intolerantes, descomprometidas com a vida do outro e com a própria!
       * Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de maio de 2013.

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