No período de 18 meses a 3 anos:
- Acontece o desenvolvimento da auto-regulação, quando a criança regula seu próprio comportamento para conformar-se às demandas e expectativas de um cuidador, mesmo quando esse não está presente. Por exemplo, uma criança está prestes a colocar seu dedo numa tomada elétrica e seu pai diz “Não”. Neste momento, ela retira seu braço. Numa outra ocasião, ela dirige seu dedo para a tomada, hesita, e diz “Não”. Ela, então, impediu a si mesma de fazer algo que lembra que não pode fazer. A auto-regulação envolve as dimensões física, cognitiva e emocional. Antes de a criança ser fisicamente capaz de deslocar-se sozinha, as tomadas elétricas não representavam perigo. Para impedir a si mesma de colocar o dedo numa tomada, é preciso que ela compreenda e se lembre conscientemente o que seu pai lhe disse. Entretanto, a consciência cognitiva não é suficiente; é necessário controle emocional para barrar a si mesma. O desenvolvimento desta auto-regulação, na maioria das crianças, leva cerca de três anos.
- Com 2 anos, as crianças compreendem que algumas ações são intencionais e outras não. Como parte do desenvolvimento da autoconsciência, elas também passam a compreender e reagir emocionalmente aos danos que causaram.
- As crianças manifestam mais interesse pelo que as outras crianças fazem e compreensão cada vez maior de como lidar com elas. Esse entendimento parece acompanhar a consciência de si mesmo como pessoas separadas dos outros. Neste sentido, as crianças também aprendem imitando umas às outras. Brincadeiras de imitação, como “siga o líder” ou “chefe manda”, auxiliam a criança a vincular-se a outras crianças e preparam o caminho para brincadeiras mais complexas durante os anos pré-escolares.
- Com a ampliação dos relacionamentos das crianças entre si acabam aparecendo os conflitos. Estes podem ter o propósito de ajudá-la a aprender a negociar e resolver disputas.
- Há a presença do objeto transicional (como o bico, uma fralda, um bichinho de pelúcia), ao qual a criança se apega. Tem uma função de ser um meio da criança reduzir a ansiedade da separação dos pais, especialmente da mãe.
- Acontece o treinamento do controle dos esfíncteres e o deixar as fraldas. Neste processo estão implicados uma série de fatores: físicos, neurológicos, fisiológicos, linguísticos, emocionais e relacionais.
Há alguns comportamentos requerem uma atenção especial, que podem indicar ou vir a se transformar em patologia: criança que não brinca; birra que se transforma em hábito; criança sem autonomia; alterações persistentes de sono... Nesses casos seria oportuno procurar um auxílio profissional.
* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, edição de setembro de 2013.
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