Neste mês publico um texto sobre o Brincar, escrito por uma psicopedagoga muito competente e amiga querida, Patrícia Teixeira. Bom proveito!
Grande parte de nossas crianças já estão voltando para suas
atividades escolares, fundamentais para o desenvolvimento de suas competências
e habilidades. Além da aprendizagem que a escola oferece aos pais cabe o
cuidado em garantir o espaço do brincar de seus filhos. Muito mais do que um
simples passatempo ou divertimento, no desenvolvimento infantil, o brincar é um
indicador de saúde emocional e cognitiva, uma ponte entre o universo interior e
exterior, que contribui para a organização e constituição do EU.
A brincadeira faz fluir a imaginação, a fantasia, potencializa
a criatividade, a representação de personagens, a criação e recriação de
situações cotidianas, o trânsito de pensamentos, o levantamento de hipóteses, desenvolvendo
habilidades motoras e intelectuais. Além disso, permite a manifestação da
alegria, a descarga de suas angústias e inseguranças, a elaboração seus medos,
o controle de seus impulsos, assimilação de emoções e estabelecimento de
contatos sociais.
Brincando, a criança faz a conexão entre saberes prévios e
constrói vínculo entre passado, presente e futuro, resgatando o tempo e o
espaço e criando algo novo, fazendo suas próprias significações.
É comum, por exemplo, crianças preferirem brincar com
objetos “simples”, como um potinho, uma varinha, uma bolinha, uma caixa e ficar
um longo tempo explorando e construindo uma brincadeira. Quantas crianças tiram
todos os brinquedos da caixa e se divertem, não com os brinquedos, mas com a
própria caixa! Essa situação gera inquietação em alguns adultos, visto que
atualmente há inúmeros brinquedos que, em hipótese, deveriam estimular e chamar
mais a atenção, no entanto, não geram desejo nem encantamento. Justamente,
porque no brincar a criança constrói o seu universo pessoal, individual. No
espaço mental do brincar a criança tem seu mundo autônomo e decide sobre o que,
onde, com quem, como e quanto tempo dura sua brincadeira. No faz-de-conta, não
há finalidade, parâmetros, necessidade, é um brincar que simplesmente se faz!
Aos pais, um cuidado: quando uma criança faz o convite
“pai/mãe, brinca comigo?”, por sua própria iniciativa, ela está o convidando
para adentrar no seu espaço pessoal, para um estabelecimento de relação mais
profunda, um vínculo mais enraizado, é como se dissesse “vem fazer parte do meu
universo”. Além disso, deixo um alerta: nossa infância atual sofre com o
excesso de compromissos e recursos tecnológicos, cabendo aos pais a mediação e
o limite, para a garantia do tempo e do espaço do brincar infantil, fundamental
para desenvolvimento integral do ser humano.
Boas brincadeiras!
Patrícia E. de Lima Teixeira
Psicopedagoga
* Texto publicado no Jornal Cidade Leste, Edição de janeiro / fevereiro de 2014.
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