A ansiedade
é um sentimento acompanhado de fortes sensações físicas, como suor, respiração
curta, batimento cardíaco acelerado, entre outros. Também pode se manifestar em
reações como roer as unhas, comer demasiadamente ou comer muito pouco, insônia,
entre outras. Há diferentes entendimentos teóricos sobre este sentimento. Aqui,
trarei um pouco do ponto de vista da Gestalt-terapia.
Experimentamos
ansiedade quando estamos num tempo que não é exatamente o agora, seja atravessados
pelo passado, seja voltados para o futuro.
Há a ansiedade relacionada com situações inacabadas, não
resolvidas ou elaboradas, assim como a sentimentos não expressos e/ou não
acolhidos. Está associada a uma vivência passada, mas não é mais passado, pois
a vivencio no agora. Os fatos que aconteceram não existem mais e não podem ser
mais acessados, mas as emoções, pensamentos e sentidos que ficaram deste fato o
podem. Por exemplo, experimentar ansiedade relacionada à morte da mãe e aos
fortes sentimentos envolvidos nesta perda. Não há como mudar o fato da mãe ter
morrido. Mas há como trabalhar com os sentimentos envolvidos nesta difícil
perda e, provavelmente, aparecerá ansiedade indicando esta necessidade.
Neste
sentido, a ansiedade é como um sinal do nosso próprio ser a nos indicar que há
algo em nós que precisa de atenção e que "pede" resolução. A base
disso é que somos naturalmente seres de crescimento. De forma integral,
tendemos para crescer, tendemos para a auto-regulação e integração de partes
dissociadas, que, se re-olhadas, tratadas e integradas, seremos mais saudáveis,
mais inteiros como pessoas e, consequentemente, mais felizes.
Há ainda a
ansiedade que aparece como tensão ao se deparar com o vazio entre o agora e o
depois. Não temos como saber realmente o que acontecerá depois, como serão as
situações, o que vivenciaremos. Não temos e não sabemos o que virá. Temos
somente o agora. Sendo difícil lidar com este vazio, com este desconhecido, o momento
presente fica perdido por planejamentos, preocupações, fantasias do que poderá
acontecer, numa tentativa de aliviar a tensão e tornar o futuro seguro. Por
mais eficaz que seja um planejamento, a concretização nunca será exatamente
igual ao pensando. Estar voltado ao futuro, perdendo o momento presente, impede
a abertura ao novo do futuro, a espontaneidade e o crescimento com o
inesperado. A pessoa deixa de arriscar, não contata com seu próprio potencial e
com as oportunidades concretas do meio, se enrijece em comportamentos
repetitivos, buscando evitar o novo que, no final das contas, é inevitável.
Para lidar com a ansiedade, alguns
aspectos são importantes, como: reconhecer/ identificar o que sinto; buscar
acolher meu sentimento; perceber o que acontece comigo; notar como acontece;
tentar identificar do que preciso; ver o que necessito para atender minha
necessidade. Se não está claro este processo, então, o que precisa para
clarear? Uma forma de clarear pode ser buscar ajuda de alguém de confiança, um
amigo, um familiar e/ou um profissional.
Cabe mencionar que há níveis de ansiedade diferentes,
mais ou menos intensos, maios ou menos impactantes, sendo que alguns podem ser
tão intensos que a pessoa não consegue administrar e tem prejuízo nas suas
atividades diárias (no trabalho, no estudo, nas conversas, na concentração, ou
problemas físicos, como constante falta de ar e aceleração dos batimentos
cardíacos). Nesses casos, é ainda mais importante procurar ajuda de um
psicólogo e psiquiatra e, com o trabalho terapêutico, poder lidar melhor com a
ansiedade e com as situações, fortalecer a si mesmo e ampliar o
autoconhecimento.
* Texto parcialmente publicado no Jornal Cidade Leste, edição de março de 2014.
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